Por Márcia Pontes
A pergunta foi clara, deu 3 opções de respostas e os resultados demonstram que quem respondeu à enquete sobre com que frequência você para na faixa para o pedestre, está dividido entre parar e não parar.
Exatos 60% dos que responderam à enquete disseram que param na faixa para o pedestre; percentual quase igual ao que disseram que param às vezes. Nesta enquete ninguém admitiu que não para na faixa para as outras pessoas atravessarem quando o simples fato de admitir que parar de vez em quando já comporta o não parar.
Interpreto os resultados da seguinte forma: as pessoas até param na faixa para o pedestre, mas isso depende do que lhes convém. Há motoristas que se estão com pressa não param mesmo com uma fila enorme de carros parados ou andando lentamente à sua frente.
Outro tipo de motorista que não costuma parar é aquele que dirige distraído, dividindo o pensamento com um sem fim de coisas, menos com o deveria: será que vai ter um pedestre atravessando sobre a faixa? Quantos pedestres já morreram atropelados em cima da faixa porque o motorista estava com o pensamento no mundo da lua?
Existe aquele motorista que não para mesmo para o pedestre em qualquer situação: se tem um pedestre só aguardando a travessia a desculpa é de que ele tem que esperar mais pedestres chegarem para atravessarem juntos. Se tem um bolinho de pedestres aguardando a vez, a desculpa é de que se parar o carro de trás bate na traseira.
Imagem: Reprodução |
A velha desculpa de sempre.
É impressionante como muitos motoristas se orgulham tanto das habilidades que tem (ou que pensam que tem), mas não sabem se livrar de um daqueles que de tanto que trafegam colados na traseira mais parecem um cão cumprimentando o outro.
É claro que se parar de supetão e sem aviso o motorista de trás bate mesmo. Mas, tudo vai depender do modo como o motorista da frente se comunica com o de trás. Basta encostar o pé no pedal de freio que a luz traseira já acende. Não precisa nem pisar forte, basta só encostar o pé que ela acende e faz o motorista de trás entender que deve se afastar.
Debates e especulações à parte, ninguém estará infringindo o art, 40, inciso V do CTB ao parar e ligar o pisca-alerta para que o motorista que vem atrás entenda que aquelas pisadas no freio de antes eram um aviso de que parariam para o pedestre fazer a travessia.
Mas, pelo tanto de motoristas que não faz o arroz com feijão no trânsito (dar seta, olhar nos retrovisores), sou levada a acreditar que não teriam mesmo paciência para se comunicar com o motorista que está atrás ao ponto de mantê-lo longe da sua traseira numa parada na faixa.
E vou além: se fizermos uma enquete perguntando aos motoristas se eles dão ou não seta para fazer conversões, mudanças de faixa e outras manobras as respostas não serão tão diferentes das obtidas com esta sondagem.
O fato é que quando o motorista quer ele toma sim os devidos cuidados no trânsito e para antes da faixa para o pedestre atravessar. Quando o motorista quer ele dá seta antes, ele respeita o tempo do semáforo, ele não avança nem sobre o amarelo nem sobre o vermelho ou sobre o pedestre.
O problema é o mesmo de sempre: o egoísmo num espaço compartilhado como o do trânsito.
Quem sabe um pouco mais de empatia resolvesse, pois o mesmo motorista que não para para o pedestre atravessar é aquele que xinga os outros motoristas quando ele é quem é o pedestre.