Hoje
(28 de maio) foi um dia especial para o Movimento Internacional Maio Amarelo em
Blumenau, para os cicloativistas da ABC Ciclovias, para os ciclistas em geral e
para mim também. Realizamos uma das melhores, senão a melhor ação educativa de
toda a programação do Maio Amarelo: o diálogo educativo e distribuição de kits
de autocuidados para ciclistas. E um dado importantíssimo: há 17 anos que não
se fazia uma ação deste tipo, com uma abordagem direta com distribuição de
materiais educativos.
Foram
22 ciclistas abordados em 1 hora e meia e nenhum deles tinha dispositivos
refletivos de segurança nas bikes. Outros dois se recusaram a participar da abordagem
alegando pressa e outros ciclistas nós não conseguimos abordar simultaneamente.
Praticamente todos voltando do trabalho.
A
blitz educativa foi realizada na pracinha que fica entre as ruas João Pessoa e
Marechal Deodoro entre 17h e 18h30min. Atuei mais auxiliando na abordagem para
chamar os ciclistas e convidá-los a participar, deixando o diálogo e as
explicações sobre a importância dos dispositivos de segurança para quem
entende: o presidente da ABC Ciclovias, Giovani Seibel, e para o também cicloativista,
Eldon Jung.
Sem
perder tempo, prontamente, Giovani Seibel já ia instalando os dispositivos
refletivos obrigatórios em cada parte das bikes e explicando aos ciclistas a necessidade
deles e a diferença que fazem para pedalar de forma segura durante a noite.
O
kit era formado por um exemplar do Código de Trânsito Brasileiro atualizado, um
folder com dicas de segurança (estes enviados à coordenação do Maio Amarelo pelo
Ministério das Cidades/Denatran/Pacto Nacional Pela Redução de Acidentes –
Parada Pela Vida), um panfleto com dicas de autocuidados para exercer cada um
de seus papéis no trânsito com responsabilidade, outro com dicas para evitar
acidentes com animais no trânsito, além de dois elementos refletivos para o aro
da bike, um para a parte frontal e outro para a traseira. Estes últimos foram
doados à ABC Ciclovias pela Oceano Bikes.
Kit distribuído aos ciclistas
Foto: Giovani Seibel
Acostumados com a
rotineira falta de atenção e de ações educativas deste tipo, muitos
desconfiaram. Alguns, ao perceberem que seriam abordados, diziam que estavam
com pressa, atrasados para o trabalho ou para chegar em casa. Mas, assim que
eram informados de que a ação era educativa e que receberiam elementos
refletivos para dar mais segurança e proteção para pedalar à noite, aí ficavam
mais à vontade.
Outros, já iam logo
perguntando: “Mas, quanto vai me custar isso?”, ou “Quanto eu tenho que pagar?”. Um deles chegou a questionar: “Sério? É de
graça?”
Completamente
compreensível essas reações, pois não é todo dia que os ciclistas recebem
atenção na nossa cidade, muito menos exemplares do Código de Trânsito
Brasileiro e dispositivos obrigatórios de segurança para serem vistos e
respeitados no trânsito.
Refletivos nas rodas
Foto: Giovani Seibel
Como todos sabemos, a
bicicleta é um veículo (de tração humana, mas é veículo) e todo ciclista tem a
obrigação de conhecer e respeitar o CTB. O problema é que a nossa sociedade
ainda é pouco informada sobre os direitos e deveres dos ciclistas, pelo menos,
de forma massiva, viral, como deveria ser.
Se o ciclista é
habilitado nas categorias A e B, ele passa a ter conhecimento da legislação
porque frequentou um curso obrigatório de formação de condutores. Mas, e quando
o ciclista não é habilitado, como é que ele vai ter acesso à legislação de
trânsito que tem obrigação de conhecer se para pedalar não é necessário curso
de formação?
Pois, foi para levar
informação sobre legislação, autocuidados e proteção no trânsito que fomos para
a rua abordar os ciclistas e oferecer um exemplar do CTB e os dispositivos de
segurança para bikes.
Daí até o final da blitz
educativa foram só elogios. “Que legal!”, “Parabéns”, “Muito obrigado” e “Continuem
sempre com esse trabalho” foram só alguns dos agradecimentos que recebemos e
que fizeram toda a diferença. Ver e ouvir essa reação dos ciclistas nos encheu
de mais entusiasmo, de mais garra, de mais vontade de continuarmos na luta
incansável por uma cidade feita para as pessoas e por uma mobilidade que
proporcione conforto e segurança também para quem não utiliza o carro.
Nessa 1 hora e meia de
ação educativa também ouvimos muitos relatos de ciclistas que já foram vítimas
de acidentes tanto em via pública quanto nas calçadas, inclusive, porque após a
poda de árvores, não se recolheu os galhos que trancaram no aro e causaram a
queda do ciclista. Quedas por conta de buracos nas calçadas, no asfalto ou por
conta de bocas de lobo abertas também foram algumas das queixas.
Os ciclistas também
reclamaram da falta de educação dos pedestres que os xingam e expulsam das
calçadas quando tentam se proteger da falta de segurança para manterem-se na pista
de rolamento numa disputa desleal por segurança entre os carros. E essa foi uma
queixa unânime, mesmo por parte dos ciclistas mais experientes que pedalam
desde criança e cruzam diariamente a cidade de um ponto a outro.
Foram 22 ciclistas em 1
hora e meia e só terminamos a ação educativa porque não tínhamos mais elementos
refletivos naquele momento. No entanto, já estamos alinhando novas ações
educativas com ciclistas para mais adiante. Quem sabe, com doações de mais
elementos refletivos, quem sabe luvas de proteção e até capacetes. Tudo vai
depender de quem mais acreditar que possamos fazer a diferença e salvar vidas sobre
bikes.
Quando eu digo que o
Maio Amarelo é um mês para chamar a atenção para um ano inteiro de ações é
porque esse é o objetivo desse movimento internacional em defesa da vida. E
como coordenadora estadual do Maio Amarelo e educadora de trânsito, sigo
fazendo o meu papel: apoiar e “pegar junto” em tudo o que for necessário para
preservar vidas no trânsito. Parabéns, ABC Ciclovias.