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quarta-feira, 23 de julho de 2014

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Sociedade - O Machismo politicamente correto

Leia com atenção o texto abaixo:



Em uma leitura rápida, a pessoa mais desatenta achará que faz todo sentido o que autor afirma sobre os cuidados que a mulher deve tomar, a roupa que deve evitar, onde deve andar, como deve se prevenir.

Mas não faz nenhum sentido e apesar de dizer o contrário é absolutamente machista. 

"Você, mulher, pode usar a roupa que quiser, mas existem estupradores por ai e o bicho pode pegar para o seu lado"; "use a roupa que quiser, mas saiba que seminua na rua você está se expondo ao risco".

Toda vez que se faz uma afirmação seguida de "mas..." a coisa descamba: 

Estatisticamente a maioria dos estupros são cometidos durante a manhã (entre 05:00 - 11:59 horas) e a noite (18:30 - 23:59 horas)¹, horários que coincidem com a ida/volta do trabalho/escola. O dia da semana em que mais ocorrem ataques é, pasmem, segunda-feira².

Alguém consegue imaginar uma mulher, em plena segunda-feira, indo para o trabalho ou para a escola/faculdade, "seminua"? Com "tetas de fora", com algum tipo de roupa provocante? Por óbvio que existem exceções, no entanto isto não justificaria as pretensões do "gênio" que escreveu esta bobagem.

Outro dado interessante é que 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados, amigos/conhecidos das vítimas, o que indica que o principal inimigo está dentro de casa e a violência nasce dentro dos lares.³

Voltando a análise do texto, o mesmo usa a "estratégia da barata" de morder e depois assoprar: a culpa é do estuprador, mas ajudaria se a mulher não saísse com roupas que o provoquem e, claro, esta postura não é machista só quero aconselhar que se previna.

Não sei muito bem qual seria o conceito de "seminua", já que para muçulmanos a mulher que não usa o hijab (véu) não está adequada e decentemente vestida. Para os mais radicais, a mulher deve usar a burka ou também estará trajada de forma indecente.

Para algumas religiões, a mulher não pode usar calça comprida (considerada "roupa de homem") e as saias devem ser talhares, caso contrário ela estará ferindo a "moral".

Na Índia, país com um número alarmante de casos de estupros, as mulheres se vestem de forma a esconder o máximo o corpo exatamente por saberem que são alvos de predadores sexuais. E, pelo visto, não tem adiantado muito.

Portanto, será mesmo, como sugere o texto, que se vestir de forma mais "comportada" é prevenção para se evitar agressões de natureza sexual? Como a mulher deve se prevenir da violência quem vem da pessoa que, para todos os efeitos, seria de confiança?

Percebam a comparação infeliz que o autor faz entre a exposição do corpo feminino e bens de consumo como "Rolex" e "Iphone", como se a mulher fosse mero objeto sujeito, a ser tomado de assalto, caso não se esconda.

O texto é machista e, desculpem a expressão, imbecil. Esconde-se atrás de um conceito estúpido de que a mulher que usa um vestido ou short curto, assim como uma blusa decotada ou uma calça mais apertada e reveladora de suas curvas contribui para ser vítima.

No fundo, apesar de dizer que não, joga nos ombros da mulher que não se "previne" a culpa de qualquer violência que venha a sofrer. Não quer ter seu 
"Rolex" ou "Iphone" furtado, então os esconda bem, não saia por ai ostentando. Não quer ter seu corpo violado, não sai por ai de "tetas de fora" e em roupas que a deixe "seminua".

Enfim, devo concordar com pelo menos uma coisa neste texto imbecil: estupradores continuarão existindo, queira ou não a mulher ou a sociedade. 
Isto é um fato.

Outro fato, porém, é que estes animais continuarão atacando mulheres estejam elas vestidas como freiras ou prostitutas e o machismo, mesmo que travestido de solidariedade como é o caso, não ajuda em absolutamente nada.

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¹ Fonte: Sinan/Dasis/SVS/Ministério da Saúde. Dados de 2011.
² Fonte: Sinan/Dasis/SVS/Ministério da Saúde. Dados de 2011. 

terça-feira, 22 de julho de 2014

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Trânsito - Quantidade de acidentes aumenta na Rua Jão Pessoa depois da faixa reversível



Os números são da própria prefeitura, publicados no Portal da Transparência a partir de estatísticas geradas pelos Boletins de Ocorrência de Acidentes de Trânsito (BOAT) preenchidos no atendimento pela Guarda Municipal de Trânsito (GMT). Claro, que estamos falando somente dos acidentes oficialmente registrados, sem contar aqueles em que a GMT não é acionada e que as pessoas acabam se entendendo por ali mesmo. Os números demonstram que estamos caminhando na contramão do compromisso assumido com a Década de Ações para a Segurança no Trânsito, que começou em 2011, termina em 2020 e tem a meta de reduzir em 50% a acidentalidade no Brasil e no mundo. 


Fonte: Portal da Transparência/PMB/GMT 2013






Fonte: Portal da Transparência/PMB/GMT 2013


Comparando os números de acidentes registrados na Rua João Pessoa de janeiro a junho de 2013 em relação ao mesmo período em 2014, constata-se que após a implantação da faixa reversível ou da 3ª pista para veículos a quantidade de acidentes disparou.

Não se trata de um post antipático, daqueles com a intenção de ficar apontando dedos, procurando erros ou para fazer barulho. Trata-se de um convite ao bom senso, à reflexão e busca de soluções conjuntas para um problema que já existia e vem se agravando: os acidentes que interrompem a trajetória de vidas humanas no trânsito. 

Em janeiro de 2013 firam registrados 14 acidentes, número que chegou a cair e a manter-se em janeiro e fevereiro de 2014, período em que foi implantada a faixa reversível aumentando para 3 pistas. No Portal da Transparência não constam os números de março de 2013, mas a partir de abril, os números disparam de 9 acidentes em 2013 para 20 no mesmo período em 2014. Isso representa um aumento de 222% no número de acidentes registrados.

Em maio de 2013 foram 16 acidentes registrados ao longo da Rua João Pessoa, número que saltou para 22 no mesmo período em 2014. Da mesma forma, em junho de 2013 a quantidade de acidentes registrados na Rua João Pessoa disparou de 12 em 2013 para 17 no mesmo mês em 2014.

Custo x benefício

Um dado apresentado como positivo pelo poder público em suas newsletter foi a diminuição do tempo de viagem dos ônibus coletivos ao mesmo tempo em que se divulga na mídia a percepção positiva dos condutores de veículos com as faixas reversíveis. Neste ponto, a inclusão de uma terceira pista reduziu em até 43% o tempo médio das viagens em transporte coletivo em horário de pico.
Das cinco linhas que circulam pela via no sentido Centro/Bairro, o tempo médio de viagem no horário de pico, das 17h às 18h30, entre o trecho Terminal Proeb/Tomio, caiu de 16 minutos para 9 minutos, o que representa um ganho real de 7 minutos por viagem. Nos demais horários, neste mesmo trecho, o tempo médio que era de 9 minutos caiu para 6 minutos, um ganho de três minutos por viagem.

A prefeitura defende que as mudanças na Rua João Pessoa, implantadas pela Secretaria de Planejamento, também geraram reflexos positivos na saída do Bom Retiro para o bairro da Velha e que o Seterb constatou um ganho de até 10 minutos, para uma viagem da Linha do Trabalhador, que sai às 17h30 da Cia Hering e segue para o Terminal Velha, via rua Bruno Hering (Morro da Cia). Anteriormente a linha levava 35 minutos neste horário para chegar ao Terminal Velha, agora está levando 25 minutos.

E eis que se pergunta: será que estamos tendo mesmo algum ganho real e efetivo diminuindo o tempo de trajeto dos veículos (ainda que do transporte público) à custas do aumento da quantidade de acidentes e de nenhuma oferta de segurança para os ciclistas?  Isso não e benefício, é sacrifício!

Mesmo que os acidentes sejam causados em mais de 90% por falhas humanas, a “culpa” não deve ser toda dos condutores, até porque as condições da via e outros elementos de engenharia e de fiscalização também pesam nessa conta e forçam os condutores a modificarem seus comportamentos.

O que dizer, então, dos ciclistas, sem um espaço seguro para se deslocarem ao longo de toda a João Pessoa? Apesar das placas de advertência determinando que se deve dar a preferência ao ciclista, sabendo-se que os cuidados ao se ultrapassar quem pedala deve respeitar a distância mínima de 1,5 metros como determina o CTB e que para isso o condutor que trafega pela João Pessoa tem que invadir a pista contrária, se é levado a cometer uma infração para não cometer outra.

Ainda recorrendo ao CTB, a mesma lei que é usada para fiscalizar, autuar, punir e justificar todos os autos, acusações e defesas em se tratando de infrações, penalidades e medidas administrativas de trânsito, consta no § 5º (e não é de enfeite) que “os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente.”

Será que do modo como está a pista reversível da João Pessoa trata-se de uma estratégia que prioriza a defesa da vida de pedestres e ciclistas, justamente aqueles que os condutores de veículos maiores devem, todos juntos, zelar pela sua incolumidade no trânsito?

Lembrando que trânsito é definido no CTB como “a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.” Então, porquê priorizar somente os veículos em detrimento dos demais usuários do trânsito e que são justamente os mais fracos?

Diz ainda o § 2º do CTB que “O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.”

E tem mais: o § 3º do CTB determina que “Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro.”

Diminuir o tempo de viagem dos ônibus de transporte público é uma coisa boa, positiva, pois os usuários que dependem desse meio de locomoção se deslocam mais rápido. Tornar o trajeto mais rápido para os veículos e eliminar gargalos e estrangulamentos é o sonho de todo gestor público. Mas à custa de quê?

Do aumento do número de acidentes (que gera mais custos em atendimento de resgate, hospitalar e de reabilitação para o município) e da falta de segurança para pedestres e ciclistas?  Aí é onde essa conta não fecha, pois o fator negativo é maior do que o fator positivo.

Em qualquer discurso de legislação, de gestão e de segurança no trânsito que se preze a vida sempre foi e será o bem maior a ser tutelado. Ganham cada vez mais força as legislações, princípios e discursos de uma cidade para as pessoas em detrimento dos veículos. O tema da própria Semana Nacional do Trânsito é a mobilidade humana e a preservação da vida do pedestre.

Se a ideia é melhorar a qualidade do transporte público há que se pensar em todos os aspectos de forma contextualizada e incluir nas vantagens de redução de tempo de viagem o conforto do usuário, o preço justo e outras vantagens que estimulem as pessoas a deixarem os seus veículos em casa e a aderirem ao busão como principal meio de transporte. 

Estimular a racionalização do uso do veículo particular e oferecer condições mínimas de segurança para o deslocamento de pedestres e ciclistas, principalmente porque muitos usam a bike como principal meio de transporte em substituição ao carro, moto e ônibus coletivos, também se inclui na legislação, na mentalidade e na gestão para um trânsito seguro.

A busca de soluções para o trânsito na Rua João Pessoa e em tantas outras em Blumenau mais parece um tabuleiro de xadrez em que o rei deveria ser o não motorizado, mas o valor maior foi atribuído aos veículos. 

Lembrando que no xadrez o jogo acaba exatamente no momento em que o rei tomba. Não importa quantas peças secundárias de maior valor você tenha.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

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Religião - Ateísmo: A moda do século?

Faz algum tempo que as redes sociais foram tomadas por uma guerra entre cristãos e ateus. O que vemos diariamente é uma troca interminável de ofensas, escárnio, ameaças, de ambos os lados, mas principalmente por parte dos chamados "crentes". E como "crentes" entenda aquele que crê em algo superior, metafísico, não somente evangélicos e afins.

Acontece que algo tão simples como ser ateu virou uma verdadeira bagunça, já que ambos os lados resolveram definir como um "verdadeiro ateu" deve agir e pensar. 

Os crentes, com o intuito de acabar com a militância ateísta nas redes sociais passaram a definir o "verdadeiro ateu" como um sujeito respeitoso, que não fala publicamente de suas convicções, que não fala contra religiões e seus deuses, que não se declara publicamente como tal. 

Enfim, trocando em miúdos, para este pessoal o "ateu verdadeiro" é aquele que se mantem dentro da caverna, escondido, sem direito a mostrar ao mundo que, sim, existem pessoas que não acreditam em deuses e em outros seres metafísicos.


E na rabeira ainda vemos surgir expressões como "ateu modinha", "ateu toddynho", "ateu de Facebook", como se não fosse possível que, realmente, existam pessoas que não acreditam em nenhuma força superior metafísica acima de nossas mortais cabeças. De forma proposital deixo de falar sobre quem acusa ateus de "adoradores de satanás" já que tal afirmação está acima do meu nível de tolerância à ignorância.


No outro canto, uma turma de ateus e agnósticos definem que "ateus de verdade" não podem ser machistas, misóginos, homofóbicos, conservadores, de Direita, não podem votar no candidato "X" ou "Y", devem ser contra militares, confundindo ateísmo com convicções políticas.

Hoje já se lê por ai sobre "líderes ateus", instituições que "representam os ateus" e defendem seus "interesses". Também temos "cruzadas anti-ateísmo" e "líderes religiosos" que combatem esta filosofia do capiroto.




Os argumentos são tanto, de ambos os lados, alguns que chegam às raias da idiotice, que se eu fosse listá-los aqui o texto ficaria por demais longo e massante. 

E o que dizer dos debates/confronto entre grandes nomes do ateísmo e teísmo, muitos deles cientistas renomados, com uma coleção de títulos que, com certeza, superam em muito o tamanho deste artigo? Ao final temos opiniões "isentas" dizendo que um ou outro lado venceu o debate e tudo fica por isto mesmo.


O fato é que alguns querem que ateus voltem para suas cavernas e outros querem institucionalizar o ateísmo.

Por óbvio que não há interesse dos religiosos em que as pessoas deixem de acreditar em deuses e assim fazer cair a movimentação financeira na ordem de bilhões de dólares anuais das quais instituições religiosas se beneficiam. Por parte de algumas instituições ateístas que andam surgindo aos montes por ai, interessa abocanhar uma parte destes "ex-fiéis" que, em sua grande maioria, está disposta a consumir livros, revistas, workshops, congressos, seminários, etc.


A institucionalização do ateísmo já gera dissidências, assim como acontece nas religiões, e vemos pipocar instituições ateístas em profusão mundo afora. 

Isto lembra um episódio do seriado "South Park" onde, em um futuro distante, o mundo está livre de religiões, todos são ateus, mas ainda existem conflitos sangrentos perpetrados por associações que lutam para decidir qual seria o melhor nome para uma instituição que reuniria todos eles: Liga de Ateus Aliados, Aliança de Ateus Unidos ou Aliança de Ateus Aliados.

E eu que pensava que ser ateu é simplesmente não acreditar em deuses.