Para descobrir quem são os tatuados brasileiros, a revista SUPERINTERESSANTE fez uma pesquisa inédita por meio das redes sociais, com mais de 80 mil entrevistados e 150 mil tatuagens mapeadas. Os resultados desse censo foram publicados na edição de março da revista. Confira abaixo alguns dados e depoimentos:
Fonte: http://super.abril.com.br |
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DEPOIMENTOS
Os participantes do Censo foram convidados a dividir suas histórias. Leia algumas delas:
“Fomos ao estúdio eu, minha mãe e minha vó”
Marina Formiga, 21 anos, quiropraxista
“Desde os 15 anos eu queria fazer uma tatuagem, mas minha mãe dizia que era melhor esperar até os 18. Quando chegou a hora, fui ao estúdio com ela e a minha vó. Foi a primeira vez para mim e a minha mãe, mas a minha avó já tinha feito uma.
Acabamos voltando alguns anos depois, no fim do ano passado, e dessa vez as três fizeram a mesma tatuagem: um elefante tribal e seu filhote no tornozelo. Ela representa a importância da figura materna, já que nós três somos muito unidas.”
“Quando fiz a primeira, tinha 57 anos”
Aldo Jung, 64 anos, jornalista
“Comecei a me tatuar fazendo o retrato do rosto de minha amada, em p&b, na parte superior do braço esquerdo, em henna. Foi antes das férias. Depois de perceber a reação das pessoas, ao voltar das férias fiz a tatuagem de verdade. No ano seguinte, completei o desenho, fazendo-a nua, até a cintura, emoldurada por um grande sol colorido. No outro ano, e no outro braço, tatuei um coração bem colorido, atravessado por uma faixa com o nome dela. Quando fiz a primeira tatuagem tinha 57 anos.”
“Minhas tatuagens são fruto de promessas”
Danielly Friedrich, 23 anos, jornalista
“Desde criança aprendi a amar o Bayern de Munique, um time alemão. No meu caso, sagradas são as tardes de terças ou quartas de Champions League, e as manhãs de sábado da Bundesliga. Nenhum vizinho entende o tanto que eu grito nesses horários. Minhas duas tatuagens são fruto de promessas: a primeira, em 2012, fiz quando estávamos prestes a ser eliminados da Champions pelo Real Madrid, mas conseguimos a classificação nos pênaltis. Infelizmente naquele ano perdemos o título em plena Allianz Arena, mas a alegria viria em 2013. Na final contra o Borussia Dortmund, abrimos o placar, mas levamos o empate. No desespero, não poderia me frustrar novamente após chegar tão perto, e prometi tatuar o lema do clube, "mia san mia" (“nós somos o que somos”). Veio o gol sagrado de Robben, morri e voltei de tanta felicidade, e cumpri minha promessa com a maior satisfação do mundo. Muitas pessoas podem achar bobagem, mas o sentimento de torcer incondicionalmente por um clube é incrível. Pena de quem não consegue se sentir desse jeito.”
“Tatuei meus ídolos de infância”
Rafael Geraldo, 30 anos, designer
“Tenho uma tatuagem no antebraço que é quase uma piada. Fiz quatro nomes de forma rebuscada e tradicional. A sensação, para quem vê de longe, é que é alguma oração ou algo muito sério. Mas quando lê com calma vê que está escrito: ‘Didi, Dedé, Mussum e Zacarias’. Isso mesmo, tenho uma tatuagem dos Trapalhões, meus ídolos de infância.”
“Preciso esconder minhas tatuagens para trabalhar”
Roberta, 24 anos, professora
“Sou professora do ensino fundamental e a escola onde dou aula é muito rígida. Outro dia estava em uma feira gastronômica de camiseta e com minhas tatuagens à mostra e dei de cara com um aluno… Precisei jogar o cabelo na hora para esconder a tatuagem. Se isso chegasse no ouvido da diretora, eu perdia o emprego na hora (ela tem muito preconceito com tatuagens). Ela diz que isso pode influenciar os alunos de forma negativa. Mas enfim, não penso em trocar de emprego porque gosto muito do que faço e da escola onde dou aula.”
“Meu chefe me discrimina e também tem tatuagem”
Rafael, 26 anos, eletricista
“Sempre fui discriminado no trabalho por minha tattoo ser ‘grande’ (ela começa no ombro e termina no cotovelo). Sempre trabalho de manga longa, mas mesmo assim meu gerente já pediu que eu nem entrasse na empresa de camiseta manga curta. Bom. Um dia estávamos conversando e ele me diz do nada que também tem uma tatuagem. E detalhe: é uma tentativa de quem não aguentou a dor. A tatuagem do cara era muito parecida com a minha, só que bem menor…”
“A tatuagem me libertou”
Michelle Antunes, 30 anos, arquiteta
“Sofri um acidente de carro quando tinha 18 anos, fiquei com uma cicatriz enorme na perna e não usava shorts ou saias por causa disso. Depois de muitas cirurgias, recebi alta para fazer plásticas para corrigir a cicatriz. Fiz uma só e decidi que não queria mais sofrer com anestesias e cirurgias, e preferi ‘sofrer’ ganhando um desenho lindo. Tatuei toda minha coxa com dois elefantes indianos maravilhosos que são minha paixão, mostro para todo mundo e não tenho mais vergonha de usar saia! A tatuagem me libertou.”