Por ABRAVIPRE
Em 2009, saímos às ruas de Fortaleza para denunciar a discriminação
religiosa praticada pela Religião Testemunhas de Jeová contra ex
membros. No ínterim destas manifestações, conseguimos não somente
mobilizar setores importantes da sociedade, como receber “APOIOS
INSTITUCIONAIS” de entidades de direitos humanos, movimentos sociais,
etc.
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Nosso movimento ganhou maior força e visibilidade quando promovemos
exposição de outdoors em avenidas, cartazes, fizemos panfletagem em
massa, participamos de audiências públicas no parlamento, palestras,
enfim…
Um caso de intolerância religiosa
desconhecido, até então, se torna um referencial para o Ministério
Público se dedicar a uma investigação por dentro das publicações da
Torre de Vigia. A Promotoria, ao concluir o processo de investigação, se
convenceu da existência de uma discriminação muito séria, planejada,
institucionalizada, e praticada contra ex membros, se configurando a
primeira ação penal no Brasil contra líderes locais da aludida religião,
e, consequentemente, uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério
Federal contra a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, e a
Associação Bíblica e Cultural de Fortaleza – Ceará.
As ações do Ministério Público contra a discriminação religiosa estimularam a grande mídia televisiva, a veicular amplamente a temática, sem contar com emissoras de rádios, jornais impressos e virtuais como a Folha de S. Paulo, Jornal O Globo. Extra do Rio, o Diário do Nordeste, o Povo de Fortaleza, dentre muitos outros.
O combate contra a intolerância religiosa terá que ser global
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O ativismo das ruas nos conduz ao crescimento, faz superar
obstáculos, perder o medo de se manifestar publicamente, além de aguçar o
nosso intelecto, a construir ações ousadas e inteligentes. Todos os que
acompanham a nossa trajetória. (até mesmo cépticos), sabem da
importância que a nossa luta proporcionou contra a intolerância
religiosa. Marcamos uma nova era em defesa da liberdade religiosa, e
reivindicamos um Estado Verdadeiramente laico a serviço da nação.
O ativismo cearense contra a desassociação tem estimulado
desassociados a relatarem seus queixumes, inclusive de outros países. Um
dos relatos inusitados é o de Nuno Álvaro Dala – Luanda – Angola. Nuno
exerceu funções relevantes na Organização das Testemunhas de Jeová,
dentre as quais Pioneiro Regular, e na hierarquia congregacional –
ancião (pastor). Nuno relata:
“Em Angola a discriminação
religiosa perpetrada pelas Testemunhas de Jeová tem levado milhares de
pessoas à depressão e degradação moral, que muitas vezes tem beirado à
loucura. Por outro lado, tem levado à destruição de laços familiares, à
desintegração familiar e à destruição de casamentos. Um caso bastante
elucidador ocorreu na cidade de Luanda, em Julho de 2013. É a morte de
uma jovem de pouco mais de 20 anos, que, por ter tido relações sexuais
antes do casamento (com um jovem “de fora”) e engravidado, suicidou-se.
Por quê? Temendo a punição que lhe seria aplicada (desassociação) e
visto que já estava a ser maltratada pela sua própria família dirigiu-se
ao parapeito, subiu e atirou-se. Note-se que ela já sabia das terríveis
consequências da desassociação e, entre ser rejeitada por todos e
morrer, ela preferiu a segunda opção”.
Nuno conclui o seu relato afirmando, que, há necessidade de um
esforço concentrado contra as desumanidades perpetradas pelas
Testemunhas de Jeová contra ex membros, na modalidade da batalha
cearense.
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O relato deste jovem é um reflexo sobre o que tem acontecido na vida
centenas e centenas de desassociados e dissociados, no Brasil, pois,
quando saímos às ruas, não é incomum se ouvir relatos de suicídios de Ex
Testemunhas de Jeová que aconteceram em nossa capital.
Estamos diante de um desafio monumental, necessário e urgente –
ampliarmos o ativismo libertário cearense para outros estados, haja
vista se detectar uma ignorância muito grande acerca do tema. Para
tanto, em 21 de Janeiro – Dia Nacional de Combate a Intolerância
Religiosa, estaremos visitando mais uma capital, desta feita para
construirmos um trabalho com a sociedade para que tome conhecimento dos
maus tratos que os desassociados vivem e sobrevivem. Quem estiver
interessado, genuinamente, em contribuir, por favor, entre em contato
conosco, a fim de programarmos uma agenda.
Em linhas gerais, a jornada contra a intolerância religiosa não
acabou, e ninguém pode calar a nossa boca nunca mais. Para que se
concretize o fim da escravização religiosa perpetrada pelas Testemunhas
de Jeová, só há uma condição – que haja uma colaboração da parte de
todos os discriminados, pois, embora que, a internet seja um instrumento
muito útil e necessário para divulgação do caso em tela, a última
palavra há de vir das ruas.