Dublado ou
legendado? 3D ou convencional? Independente de sua preferência, devemos ter o
direito de escolha.
Após meses de espera, muita expectativa e especulação, calorosas discussões em fóruns, blogs e sites de entretenimento, finalmente chega o grande dia, o lançamento que você tanto aguardava estreia e você vai ao cinema para assistir aquele que imagina ser o filme do ano. Mas nem tudo são flores na vida de um cinéfilo, muitas vezes a decepção tem início antes dos créditos iniciais do filme, isso porque, a maioria das salas de cinema não possui variedade de cópias para atender às preferências de cada expectador, que se vê obrigado a assistir um filme em 3D e dublado contra a sua vontade.
Não sou contra filmes em 3D e nem dublados, mas sou a favor ao direito de escolha, cada um tem sua preferência e acredito que os distribuidores e exibidores têm plenas condições de atendê-las. O fato é que eles se baseiam em pesquisas de mercado sobre o perfil do frequentador de cinema brasileiro e com base nisso tomam decisões para reduzir ao máximo o número de cópias e maximizar o lucro. Ok, estão apenas ouvindo o consumidor, você dirá, estão no caminho certo. Será? Vamos analisar algumas informações:
Foto: Reprodução. |
Segundo pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Distribuidores do Rio de Janeiro ao instituto Datafolha, 56% dos frequentadores de cinema preferem assistir cópias dubladas, enquanto 37% tem preferência pelo áudio no idioma original com legendas. Bem, isso já era de se esperar, afinal, grande parte das obras cinematográficas são destinadas a “toda família”, para que os pais acompanhem os filhos e consequentemente aumente o número de espectadores. Mas há dois pontos muito importantes a serem ressaltados, o primeiro é o fato de que o público que frequentou os cinemas do Brasil em 2012 foi de 146 milhões de pessoas, ou seja, desprezar a minoria que prefere assistir filmes legendados é desprezar um público de 54 milhões de pessoas, mais ou menos a mesma quantidade de pessoas que votaram em Dilma Roussef nas últimas eleições presidenciais. O segundo ponto é o fato de que, segundo a mesma pesquisa, há distinção entre o espectador habitual, aquele que vai ao cinema pelo menos uma vez a cada 15 dias, o médio (ao menos uma vez a cada três meses) e o eventual (ao menos uma vez por ano). E a média de espectadores habituais que preferem filmes legendados sobe para 47%.
Já escolha por exibir um filme em 3D em detrimento a uma cópia convencional tem o único objetivo de aumentar o faturamento, afinal o ingresso é mais caro. Não encontrei nenhuma pesquisa que apresente dados sobre preferências entre assistir em filme em 3D ou não, mas conheço muitas pessoas que não se acostumaram com o 3D, outras simplesmente não gostam e outras, assim como eu, apenas não acham o 3D grande coisa (o único filme que assisti em 3D e que realmente valeu apena foi “Gravidade”). E esse público, também será ignorado?
Numa cidade como Blumenau, que possui 18 salas de cinema, sendo 1 sala para cada 17 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 1 sala para cada 90 mil habitantes, a situação é muito pior, pois há estrutura e capacidade técnica para atender a todos os gostos e demandas, só não há vontade por parte dos distribuidores e exibidores. Se essas decisões são tomadas pelo departamento de marketing, talvez não estejam pesando todas as forças que impactam na decisão do consumidor, já avaliaram a força dos substitutos? Tenho certeza de que os mesmos consumidores tidos como habituais, após algumas decepções, serão os primeiros a procurar uma forma alternativa de assistir filmes, do jeito que querem, na hora que querem e no idioma e formato que querem, se é que você me entende!
Outro caso de desrespeito ao consumidor de cinema é o tempo que alguns títulos levam para chegar ao Brasil e, alguns casos, um tempo maior ainda para chegar à Região Sul, mas isso é assunto para uma próxima ocasião.
Para saber mais sobre os indicadores do mercado cinematográfico acesse: http://oca.ancine.gov.br/dados-mercado.htm