Por Márcia Pontes / Educadora de Trânsito
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A via pública é um espaço a ser
compartilhado por todos e o que se espera é que cada um cuide da vida do outro
no trânsito. Mas, como? Se as pessoas não estão tendo e sequer cuidando da
própria vida?
Fizemos uma enquete no Todo DiaBlumenau para saber se as pessoas realmente conhecem os seus deveres como
pedestres. É claro que todo mundo disse que sim e seria uma maravilha se isso
fosse verdade.
Mas, o fato é que são bem poucas
as pessoas que sabem se cuidar no trânsito, tanto os pedestres na hora de fazer
a travessia na faixa quanto os motoristas ao se aproximarem da faixa.
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São idosos, crianças, mães com
criança no colo ou qualquer outra pessoa sem distinção que diariamente são ignoradas
pelos motoristas na faixa.
Agora me digam, leitores: se o
calor está insuportável para quem está dentro do carro, no conforto do ar
condicionado e está em vantagem porque vai passar menos tempo em via pública do
que um pedestre, o que dizer de quem está a pé debaixo da torreira do sol?
Porquê não fazer o que deve ser
feito: sinalizar, parar, ligar o pisca-alerta e dar a vez ao pedestre para a
travessia segura na faixa? Porquê prolongar o sofrimento do outro e, em alguns
casos, porquê aumentar o sofrimento com um atropelamento?
Porquê certos motoristas se acham
melhores e mais importantes do que o outro ao ponto de tentarem justificar a
pressa e a distração que os faz sentirem os donos da rua?
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É fato que o risco existe e o CTB
até prevê isso ao admitir que o motorista possa passar no sinal amarelo desde
que seja única e exclusivamente para evitar uma colisão traseira. Mas, será que
isso é justificativa para o injustificável?
O risco de colisão traseira
existe para o motorista que não sabe ou ignora como se comunicar com o outro. Ora,
se você está dirigindo e percebe pelo retrovisor interno que o apressadinho
atrás está muito colado, vai orientar seu modo de dirigir pela ditadura de quem
está atrás? Virou refém do outro agora?
É simples: basta manter as luzes
de segurança do carro em pleno funcionamento e encostar o pé no pedal de freio
para manifestar a sua intenção. O sistema de freios é tão sensível que basta
encostar o pé no pedal para que as luzes se acendam e o motorista de trás perceba.
Ele logo vai entender a sua
intenção de reduzir seja para uma conversão, seja para manter distância do
veículo que vai à sua frente, seja para pedir que o outro respeite a distância
de segurança e se afaste, seja para informar que vai parar na faixa para o
pedestre.
Mas, é claro que se o distraído
der esses toques de advertência em cima da hora e parar de supetão vai acabar
provocando um acidente. Tudo é questão de bom senso, de atenção, de atitudes preventivas
e defensivas no trânsito. E é justamente esse bom senso que falta a muitos
motoristas em Blumenau ou em qualquer lugar do mundo em que se dirige distraído
ou fominha pela via pública.
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Pedestre que acredita que a faixa
de segurança é dele e o motorista que se vire é aquele que vai atravessar correndo,
sem olhar para os lados, sem autocuidados, sem se importar em buscar o contato
visual com o motorista para ter certeza que ele vai parar mesmo e evitar o
acidente!
Naquelas faixas de pedestre da
Rua XV, em frente à Millium, e em muitas outras pela cidade é comum muitos
pedestres provocarem o motorista e até fazerem sinais obscenos quando se jogam
na frente do carro. Já tivemos uma morte confirmada por causa disso: a pessoa
simplesmente se jogou na frente do carro mesmo tendo sido alertada dos perigos.
Se pedestre não faz autoescola e
nem se interessa espontaneamente pelo CTB, como ele vai conhecer o art. 69 que
trata de suas responsabilidades no trânsito a não ser por um trabalho educativo
e preventivo feito pelas autoridades de trânsito da cidade?
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Pois é.... Blumenau vai fazer 164
anos e nunca teve uma política pública para o trânsito. Enquanto as vias públicas vão se tornando campos de extermínio, como cada um está exercendo a sua responsabilidade? Pedestres, motoristas e poder público.