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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

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Trânsito - Bebida e direção: o grande desafio para as campanhas de trânsito em Blumenau

Por Márcia Pontes Educadora de Trânsito

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Imagem: Reprodução
Blumenau já saiu na mídia como o município catarinense em que mais se bebe e dirige. Também já foi destaque como o município que mais flagra motoristas embriagados dirigindo, o que não significa dizer que seja o município que mais faz blitz e operações comandos de trânsito. Afinal, se tanto motorista bebe e dirige como a mídia noticia, mesmo numa blitz eventual ou de pouca frequência, é de esperar que os motoristas alcoolizados sejam flagrados. 

Mas, o pior é aqueles que não são flagrados, pelo menos, antes do acidente ser provocado. Como aquele motorista que caiu no ribeirão da Velha e fugiu, deixando o socorro das duas filhas pequenas por conta de populares, já que a mãe das crianças também estava alcoolizada.

Não muito diferente de muitos municípios brasileiros, Blumenau tem um déficit histórico no efetivo ao mesmo tempo em que se diz que para flagrar todos os motoristas que bebem, dirigem e cometem outras infrações por imprudência, imperícia e negligência só praticando o impossível de se colocar um agente em cada rua.

A Guarda Municipal de Trânsito em parceria com a Polícia Militar, que também tem um déficit histórico no efetivo, vêm fazendo das tripas coração para dar conta de fiscalizar de acordo com as prioridades.

Mas, não é fácil fiscalizar a frota de 232.716 veículos licenciados no município, com uma média de 800 novos licenciamentos ao mês e pouco mais de 550 novas habilitações emitidas mensalmente, o que dá algo em torno de 6.900 motoristas aptos a dirigir anualmente pelas ruas da cidade. (DETRAN/SC, 2014).

As coisas pioram ainda mais porque os motoristas blumenauenses não estão conseguindo fazer o mínimo que se espera de todo condutor habilitado: manter o carro na pista sem perder o controle e provocar choques ou colisões. Só no ano de 2013 foram:

4.143 choques (colisão contra objeto fixo, incluindo carros parados)
4.024 abalroamentos longitudinais e transversais
2.036 precipitações em barrancos, saídas de pista, ribeirões, etc.
1.063 colisões traseiras e frontais
272 pessoas e animais atropelados
65 tombamentos
48 capotamentos
34 engavetamentos

E como se não bastasse tudo isso, muitos acidentes foram provocados por pessoas que dirigiam com algum teor de bebida alcoólica no organismo e também por falta de autocuidados da parte de motoristas, pedestres e ciclistas. Cuidados básicos que poderiam preservar vidas e evitar que mais pessoas se machucassem, ficassem inválidas, afastadas da vida produtiva, sequeladas neurológicas, amputadas.

Imagem: Reprodução
De 2003 a 2011 saíram dos cofres públicos de Blumenau cerca de R$ 1,7 bilhão (isso mesmo, bilhão) para custear os atendimentos em acidentes e vítimas no trânsito. Valores que se assemelham a um prêmio de loteria, mas trânsito não é loteria como muitas pessoas possam pensar.

Muitas dessas pessoas quando estão bebendo por algum motivo não levam em conta que um dos maiores desafios que as equipes de emergência dos prontos-socorros enfrentam no atendimento a acidentados de trânsito não é só a lotação, a falta de médicos e outros profissionais de saúde para cirurgias de emergência. Não é só o plantão movimentado de final de semana, mas principalmente, como prestar um atendimento eficaz e eficiente a um paciente politraumatizado e bêbado.

Como aliviar rapidamente as dores insuportáveis de um acidentado de trânsito se ele consumiu bebida alcoólica que ao interagir com outras medicações corta o efeito ou pode agravar ainda mais o quadro?

Muitas vezes as vítimas chegam em estado tão grave que não pode esperar pela realização de um exame toxicológico para saber se além da bebida o paciente consumiu outros tipos de drogas que agravam os efeitos da interação medicamentosa. O atendimento nesses casos tem que ser imediato.

E agora, José? Como amenizar a dor e o sofrimento de uma pessoa que ingeriu cerveja, destilados, maconha, cocaína, crack ou qualquer outra droga? 

Imagem: Reprodução
E para piorar ainda mais as coisas, a bebida alcoólica retarda o tempo de coagulação do sangue, aumentando o risco de uma hemorragia ainda mais difícil de conter.

São essas informações que eu gostaria de ver em campanhas educativas e preventivas de acidentes de trânsito em Blumenau, que aliás, seria inédito de todos os pontos de vista.

É esse esclarecimento e essa sensibilização para a conscientização para os autocuidados e para com a vida das outras pessoas no trânsito que eu gostaria que todos tivessem de forma massiva, acessível à toda a população. Será que é pedir muito à quem cuida do trânsito na nossa cidade?

O ano mal começou e diariamente os jornais publicam notícias de acidentes, muitos provocados por motoristas alcoolizados que colocam a si mesmos e aos outros em risco. Como se não bastassem os choques, os abalroamentos, as precipitações, as colisões, os atropelamentos, os tombamentos, capotamentos e engavetamentos ainda temos que lidar com os bêbados ao volante.

Enquanto vamos assistindo as vias públicas como campo de extermínio e contando os mortos e feridos, o que esperar de cada um, do poder público e da sociedade organizada para enfrentar esse que é um dos maiores desafios para as campanhas educativas e preventivas de trânsito em Blumenau: bebida e direção.