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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

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História - O Destemido Vapor Progresso


Por Carlos Braga Mueller / Arquivo Adalberto Day 
(Clique nas imagens para ampliar e clique em continuar lendo para ler a matéria na íntegra)

Ao completar 25 anos, em 9/12/1904, o Vapor Progresso "desfilou" pelo Rio Itajaí Açu com banda de música a bordo. 

1864 Blumenau tem apenas 14 anos de existência e precisa desenvolver sua atividade econômica. 

A produção dos colonos, embora pouca tinha que ser transportada para o litoral.

O Governo da Província de Santa Catharina prometera abrir duas estradas: uma de Blumenau ao Porto de Itajahy; outra de Blumenau aos contrafortes da Serra Geral, subindo em direção ao planalto. Enquanto as estradas ficavam só na promessa, Dr. Blumenau adquiriu de Frederico Bruestlein, de Joinville, um vaporzinho que passou a navegar no Rio Itajaí Açú rebocando chatas, levando ao Porto de Itajahy a produção da Colônia.  Em 1874 foi fundada em Desterro, capital da Província, a Companhia Catarinense de Navegação que adquiriu o vapor São Lourenço para fazer uma linha regular de cargas e passageiros entre a capital e Gaspar. O vapor não conseguia chegar a Blumenau devido a corredeiras e pouca profundidade do rio na localidade de Belchior. Com ele vinham as encomendas, mala postal, passageiros. De Gaspar a Blumenau utilizavam canoas ou carroças. O comandante do São Lourenço era João Várzea, pai daquele que foi um grande poeta catarinense: Virgílio Várzea

O grito de independência foi dado  no dia 20 de maio de 1878, quando foi fundada em Blumenau a Companhia de Navegação Fluvial a Vapor Itajahy-Blumenau.

Encomendaram um vapor destinado ao transporte de passageiros e pequenas cargas. Construído na cidade alemã de Dresden, o vapor foi batizado de "Progresso" e atravessou o Atlântico, a reboque, no ano de 1879, como conta a historiadora Edith Kormann na sua obra "Blumenau, arte, cultura e as histórias de sua gente".

De Itajahy a Blumenau o vapor já veio com propulsão própria, as pás laterais girando e impulsionando a embarcação. Ao apitar na curva do rio, no Capim Volta, foi saudado pelos blumenauenses com fogos de artifício.

O Progresso era um vapor de tonelagem pequena, provido de rodas laterais e máquina de 30 cavalos. Media 22,80 metros de comprimento, 3,34 m de largura e 1,80 de altura, com calado de setenta centímetros. Seu primeiro comandante foi Carl Hansen.

Esta valente embarcação completou 25 anos de viagens entre Blumenau e Itajahy no dia 9 de dezembro de 1904, data que foi festejada com o vapor chegando ao porto todo enfeitado com palmitos, flores e bandeiras, e com a banda musical Werner tocando marchas militares.

Quando o Progresso se tornou insuficiente para o escoamento da nossa produção, a Cia. de Navegação encomendou um novo vapor. Ele chegou da Europa desmontado e foi remontado em Itajaí. Batizado de Blumenau, sua viagem inaugural aconteceu no dia 30 de maio de 1895 e a bordo vinha o Governador Hercílio Luz.

O Progresso estava cansado...e quando suas máquinas sofreram uma pane geral, os proprietários fizeram as contas e resolveram aposentá-lo em janeiro de 1912, depois de 32 anos de serviços. As máquinas foram desmontadas e o casco foi transformado em lancha de carga para ser rebocada, tendo sido atrelado ao rebocador "Catarina". Na despedida, muitas lágrimas rolaram nos rostos dos blumenauenses.

Era o fim de uma missão que foi de grande importância para o progresso de Blumenau em suas primeiras décadas de existência. 

HEROISMO DURANTE A GRANDE ENCHENTE DE 1880.  

Na madrugada de 22 para 23 de setembro de 1880 Blumenau recebeu um verdadeiro dilúvio. A água desabou com tanta intensidade que em apenas poucas horas o Rio Itajaí-Açu atingiu uma altura de 14,6 metros acima do nível normal. Muita gente conseguiu salvar apenas a vida.
 
 O jornal "Kolonie Zeitung", editado em Joinville, na sua edição de 9 de outubro de 1880, contou como foi a tragédia dos blumenauenses, destacando inclusive a participação heroica do vapor Progresso, resgatando e salvando vidas: "De madrugada, por volta de uma e meia, começou repentinamente o perigo na cidade de Blumenau, quando no início da noite só se esperava uma cheia, enchente moderada, como já acontecera diversas vezes em outras ocasiões, sem risco de alcançar casas. Mas a partir daquela hora as águas não só subiam, mas rolavam em fantásticas avalanches. Os gritos de pedidos de socorro de pessoas em perigo e dos animais sendo arrastados vivos pelo turbilhão das águas, ecoavam pela noite. E a escuridão tornava a tragédia ainda mais horrível. Com ansiedade era esperado o amanhecer por todos quantos conseguiam manter-se a salvo.

O novo dia traria um enorme trabalho de resgate, exigindo de todos tudo quanto a força humana pudesse alcançar. Queremos aqui fazer uma referência especial, manifestando o reconhecimento de todos quantos foram auxiliados, ao capitão e à tripulação do pequeno Vapor  "Progresso" que, incansáveis e destemidos, socorreram aos que solicitavam socorro, tanto na cidade como no distante Garcia, onde iam buscar pessoas ilhadas, socorrendo-as e levando-as sãs e salvas até a igreja protestante. A eles, principalmente, se deve o fato de não se haverem perdido vidas humanas no centro da cidade ou nas proximidades. Em direção das duas igrejas, que foram erigidas em morros, dirigia-se, de toda parte, o cortejo dos que eram salvos e dos que conseguiam escapar da tragédia. 

O Vapor Progresso transportava para estes locais as pessoas resgatadas e com o clarear do dia todas as canoas, embarcações diversas e inimagináveis, como cochos, tinas, etc., improvisados em embarcações, convergiam para aqueles locais de abrigo, onde encontravam proteção e asilo. (publicado pelo jornal "Kolonie Zeitung" de 9/10/1880, transcrito por José Deeke em seu livro "O Município de Blumenau e a História de seu Desenvolvimento").  134 (2014) anos depois, fazendo este registro, consignamos aqui a eterna gratidão àquelas pessoas que agiram com tanto destemor e heroísmo, e se pudéssemos, lhes entregaríamos com muito respeito um diploma de "Honra ao Mérito", o que fazemos de forma simbólica através desta crônica (Carlos Braga Mueller).