Todos sabem que não é de hoje que se costuma abrasileirar tudo que é possível.
Não estou falando do “jeitinho brasileiro” que causa vergonha às pessoas de bom caráter e boa conduta. Mas falo das expressões de um modo geral. Estou me referindo à mania que o brasileiro, de um modo geral, tem de adaptar, dar as características brasileiras às coisas que importa das outras culturas.

No clássico "A Noviça Rebelde", trama na qual a protagonista não lidera uma rebelião no convento, o título original (The Sound of Music) poderia ser traduzido como "O Som da Música”.
Recentemente a trilogia “Se Beber, Não Case” (The Hangover), deixou passar o título de “A Ressaca” que também teria grande apelo comercial. “A Ressaca” foi a tradução utilizada para outro longa hollywoodiano (Hot Tub Time Machine) que na tradução livre deveria ser intitulado algo como "Banheira Máquina do Tempo".
Até o infantil "Putz! A Coisa Tá Feia" (The Ugly Duckling and Me!) quase passou a adotar um palavrão em seu título brasileiro.
No mais recente abrasileiramento de títulos, a Record que comprou os direitos de transmissão na TV aberta do seriado “Breaking Bad”, anunciou seu novo produto como “Breaking Bad – A Química do Mal”, para desespero geral dos fãs.
Quem adapta o nome de filmes e seriados para o mercado brasileiro é o departamento de marketing das distribuidoras. A primeira opção geralmente é a tradução literal. Mas devido ao uso de expressões típicas de cada língua, muitas vezes essa não é a melhor saída. Nesses casos o pessoal do marketing lê a sinopse, assiste ao trailer e, se possível, assiste ao filme antes da estreia. O título então deve se adequar ao gênero (ação, comédia, drama etc.) bem como ao seu público-alvo. Depois as ideias são apresentadas ao departamento comercial e à diretoria, que aprovam ou fazem novas sugestões.
Mas nem só de títulos sofre o abrasileiramento. Outro dia, num supermercado de Blumenau me deparei com uma placa de promoção de MUÇARELA, sendo que desde que me recordo de geralmente se utiliza o termo MUSSARELA. O termo é derivado do italiano MOZZARELA, diminutivo de mozza, que nos dicionários de lá, significa “leite de búfala ou vaca talhado com sp. do fungo denominado Mozze”.

No caso das variantes dos termos originários da língua italiana, os duplos “zês” no português tupiniquim é substituído por “ç”. Assim “CARROZZA” virou “CARROÇA”, “PIAZZA” virou “PRAÇA” e “MOZZARELA” virou “MUÇARELA”. E muçarela é a grafia adotada nos dicionários Aurélio e Aulete. O termo mussarela, portanto, é um erro popular que o uso consagrou.
O que vale nesses casos então é sempre que possível, consultar o Pai dos Burros, o bom e velho dicionários. Ou em tempos que vivemos conectados, vale também a consulta ao Pai dos Burros Modernos, o Google.
Créditos das Imagens:
1ª e 2ª Imagem: Reprodução
3ª Imagem: André Rene Alves