300x250 AD TOP

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Encontrado em: ,

Trânsito - 17 de Novembro Dia Mundial em Memória às vítimas de acidentes de trânsito

Por Márcia Pontes

Você conhece alguém que tenha se envolvido e sofrido um acidente de trânsito? Um amigo, um parente distante, um colega de trabalho, de faculdade ou mesmo um familiar mais próximo? 
 
Em Brasília, será realizado ato solene no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade neste terceiro domingo de novembro (17/11) com lançamento da Pedra Fundamental do Primeiro Memorial Nacional em Memória das Vítimas Brasileiras no trânsito. 

Foto: Portal G1
Anualmente, a cada terceiro domingo de novembro, é realizado o Dia Mundial em memória das vítimas de acidentes de trânsito. A data foi criada em 1993 pelo Road Peace, na Inglaterra. Em 2005 a Assembléia Geral das Nações Unidas, do qual o Brasil é signatário, publicou a Resolução nº 60, designando o terceiro domingo de novembro para estimular a conscientização mundial com relação ao tema e tentar sensibilizar a comunidade mundial para a importância da segurança no trânsito.

O Brasil é país signatário da ONU, Blumenau fica no Brasil (embora muitos ainda não tenham se dado conta disso), mas parece que vivemos num universo paralelo ao dos acidentes de trânsito.

Nunca tivemos um evento para lembrarmos com respeito dos nossos mortos em acidentes de trânsito. No ano passado a iniciativa de falar sobre o assunto foi da mídia quase que exclusivamente e esse ano, pela falta de informações ou de divulgação, parece que mais uma vez os mortos e os familiares das vítimas em acidentes de trânsito cairão no esquecimento.

Blumenau ainda não tem uma política pública séria voltada para o trânsito, que inclua estudos antes de tomar decisões importantes que afetarão a vida das pessoas no trânsito. E quando falo de política pública falo de um compromisso assumido pela cidade com as pessoas e a vida no trânsito.

Imagem: Reprodução
Falo de um documento mestre que norteie, que dê as diretrizes e firme o compromisso de Blumenau com a segurança no trânsito em todos os aspectos. Falo de uma política pública que não seja bancada só pelo Executivo e que não envolva só quem trabalha na prefeitura ou tem cargos ligados ao trânsito.
Eu falo de uma política pública feita de parcerias com as lideranças comunitárias, com as associações de moradores, com os familiares de vítimas mortas em acidentes de trânsito, com as próprias vítimas sobreviventes (as mutiladas, as feridas para o resto da vida). Parceria com a mídia, com as empresas, com o terceiro setor, porque é assim que se faz política pública.

É claro que quando falta essa mobilização, essa tentativa de diálogo e de buscar soluções conjuntas com a sociedade a desculpa vai ser a mesma: de que falta dinheiro para fazer uma campanha de 30 segundos na tevê em horário nobre, de que falta dinheiro para isso, para aquilo, enfim... só vai ter dificuldades mesmo. E parece que quando se trata de trânsito em nossa cidade a busca é mais pelas dificuldades do que pelas soluções.

Blumenau tem bons programas que atendem as crianças nas escolas, mas a população não escolar que faz o trânsito no dia a dia é esquecida, está de fora. É onde a criança aprende na escola que deve atravessar na faixa, mas o adulto que a conduz sai arrastando pelo braço em meio aos carros. E se a criança tenta abrir a boca para transmitir aos pais o que aprendeu na escola e tentar sensibilizá-los ouve aquele “cala a boca e corre que o carro tá vindo”.

Imagem: Reprodução
Em meus artigos, de modo geral, trato a questão da violência no trânsito numa perspectiva pessoal, dando nome a quem virou número porque acredito que a educação de trânsito é mais eficaz quando as pessoas conseguem se enxergar como parte do problema e, consequentemente, parte da solução.
Enquanto as pessoas forem só números, estatísticas, estaremos muito longe da humanização de que o ser humano e o trânsito tanto precisam.

Para a maioria, é só mais um José, um João, uma Maria, um Rafael ou Gabriel que morreu, que ficou ferido, mutilado e inválido num acidente. Até que essa vítima passa a ser um amigo, um parente, uma pessoa da família.

Trânsito é comportamento, trânsito é feito por pessoas e para as pessoas (ou deveria ser) e isso significa que o problema e a solução estão nas mãos e no comportamento de cada um.

Educação no trânsito se faz com humanização e humanizar é reconhecer que somos humanos e que a nossa missão, também no trânsito, é cuidar uns dos outros. A minha vida tem o mesmo valor que a vida do outro.

A Oktoberfest mal acabou e já tem cartaz pronto para a festa do ano que vem. Já se discute os investimentos, as melhorias físicas, estruturais, os novos paladares de cervejas e tantas outras coisas. Mas, para o trânsito e para as ações educativas e preventivas de trânsito, é das duas uma: ou não tem dinheiro ou não tem interesse.

Imagem: Reprodução
Se tratassem as questões referentes ao trânsito, à segurança no trânsito, às ações educativas e preventivas no trânsito do mesmo modo e com o mesmo interesse com que tratam a Oktoberfest, Blumenau seria uma cidade modelo em segurança e em humanização para o Brasil e o mundo.

Mas, a diferença maior não é que a Oktoberfest traz lucros e outras vantagens para Blumenau enquanto as ações educativas e preventivas de trânsito não dão o mesmo tipo de retorno. Mas sim, a inversão de valores em que qualquer outra prioridade ficou mais importante do que a preservação da vida.

Não vai ser de estranhar se a data em memória das vítimas de acidentes de trânsito passar em branco em Blumenau novamente.