Por Carlos Braga Müeller Jornalista e escritor
Arquivo Dalva e Adalberto Day
Dos meus tempos de PRC-4, me voltam à memória alguns momentos que valem a pena registrar:
O INRI CRISTO COMEÇOU NA RÁDIO CLUBE
Rádio Clube de Blumenau prefixo PR (PRC-4) |
Na segunda metade da década de cinquenta eu era locutor de estúdio da PRC-4 Rádio Clube de Blumenau.
De "estúdio" eram os locutores que liam as mensagens publicitárias (os
reclames) e anunciavam os nomes das músicas que eram rodadas na
programação.
Foto: Reprodução |
O locutor ficava em uma sala forrada com material que evitava eco e à
sua frente, em sala separada por um vidro, ficava a técnica de som, como
era chamada a aparelhagem onde se conectavam os microfones e os toca
discos, os "pratos", que recebiam discos em 78 rotações ou em 33 rpm, os
então recém chegados long-plays, que novidade !
Se os 78 de cera quebravam ao cair no chão e tinham agulhas
descartáveis, os LPs podiam cair que não estragavam e as agulhas de
diamante duravam uma eternidade.
Pois bem. Certo dia um dos nossos operadores de som teve que deixar a rádio, se não me engano para servir o Exército.
Era filho do seu Theiss,
um homem boníssimo, conhecido pela cidade inteira, porque vendia
bilhetes de loteria, principalmente nas lojas da Rua 15. Ia passando
pelas calçadas e na frente de cada loja gritava: Olha a loteria. Vão querer?
Foto: Reprodução |
Foi duro ensiná-lo a operar aqueles botões. Quantas e quantas vezes eu
anunciava a música e tinha que sair da mesa de locução, pé ante pé, e
chegar até a mesa de som para desligar o botão do microfone! Ele
simplesmente esquecia-se de cortar o som da cabine de locução.
O jovem me olhava com cara de culpado ... mas fazer o que ? Um dia ele
aprenderia. Logo, porém, ele jogou a toalha e foi em busca de outro
emprego.
Passaram-se os anos e eis que vejo uma reportagem, não sei se na revista "Manchete" ou no "O Cruzeiro", mostrando a reencarnação do filho de Deus na terra ! E quem estava lá, estampado?
Foto: Reprodução |
O jovem Thais, que havia sido nosso operador de som na PRC-4. Ele se auto intitulava agora INRI CRISTO
e, pasmem, tinha até carteira de identidade com esse nome, que fazia
questão de mostrar aos que duvidavam da sua identidade divina.
Deixara crescer a barba, falava com os "erres" de pastor evangélico, e
se fazia cercar de apóstolos e apóstolas. Todos trajando mantas brancas,
como ele.Thais... digo INRI, tinha fincado sua sede em Curitiba.
Ainda hoje INRI CRISTO se intitula o filho de Deus.
Os cabelos longos embranqueceram, a coroa que usa é de seda e não tem
mais espinhos. Continua com muitos seguidores, mas é bufão quando vai a
TV dar entrevistas. Os apresentadores se divertem com ele. Mas como não
faz mal a ninguém, INRI CRISTO circula bem entre a moçada do
rádio e da TV. Ratinho, até por ser também de Curitiba, é um que
dispensa muita atenção ao profeta.
E nós, que o conhecemos adolescente, podemos dizer que um dia tivemos problemas com o Cristo em pessoa!
Aliás, quando INRI lá pelos anos 70 provocou um escândalo em uma igreja
do Pará durante uma festa, açoitando os infiéis que "haviam transformado
a casa de Deus em um bazar", chamaram a polícia e o delegado logo o
soltou. Perguntado por que, o homem da lei foi enfático:
- E se ele for mesmo o filho de Deus?
Leia na íntegra em: http://www.adalbertoday.blogspot.com.br/2011/12/inri-cristo.html