Por Fabiano Uesler
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Foto: Reprodução. |
Estava eu absorto em pensamentos sobre qual seria meu próximo texto quando ouvi em uma rádio de Blumenau uma “reclamação em cadeia” de um ouvinte revoltado com uma obra pública não efetuada. Pois bem, a reclamação começa sobre o problema “1” em seguida ele discorre revoltado sobre como pode se resolver o problema “1” se o problema “3” nem foi resolvido.
Além de parecer uma equação matemática das mais fajutas isso nos ilustra a “mania de reclamar” que nós brasileiros temos e que em Blumenau nós transformamos em “arte”. Reclamar sem propósitos é algo que fazemos com maestria. Vamos melhorar a definição, quando, por exemplo, temos problemas de disciplina em escolas, quer sejam públicas ou particulares nós, educadores, normalmente “culpamos” as famílias pela falta de ensino moral que deve e nisso, eu acredito piamente, ser dado em casa, porém, nem todo problema disciplinar tem cunho familiar. Vemos nestes momentos “educadores” e inclusive a sociedade afirmando que a escola não pode ensinar ou disciplinar, pois isso cabe às famílias. Temos, portanto o problema de disciplina que é o problema 1 e a família que neste caso ilustra meramente o problema 3, ficando portanto a dúvida de saber onde está o problema 2, ou seja, onde está a real problemática do aluno indisciplinado?
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Ouço por diversas vezes neste caso recente dos “médicos importados” muitos profissionais da área de medicina afirmando que “não existem condições materiais” nas cidades de interior para que a medicina seja exercida de maneira decente ou mesmo que prefeituras de pequenas cidades não pagam bem. Mais uma vez vemos o exemplo da falácia da reclamação de onde pulamos neste caso da problemática 1 para a problemática 9. A questão é absurdamente simples, não existem médicos em nosso mercado pra suprir a necessidade de várias cidades, o governo quer trazer médicos do exterior pra suprir esta falta, pois bem, problema 1 resolvido. Tudo que causou o problema e tudo que pode ser feito colateralmente pra sanar a situação em nível federal, estadual e municipal gera outros fatores e outras problemáticas que devem ser resolvidas pontualmente e não podem ser usadas como desculpa pra ofuscar necessidades básicas.
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Outro exemplo, a “lendária” ponte do centro de Blumenau que foi projetada, orçada e cancelada. Digo cancelada, sim, porque até o presente momento não se concretizou a obra. Vejamos então qual a problemática da reclamação neste caso, o “Governo Anterior” orçou, planejou, gastou milhares de reais no projeto da ponte e o que faltou? A execução da obra. Até aí tudo bem, mas, acontece que após as eleições um novo partido assume o governo e mesmo nas eleições já indica sua intenção de não concretizar a obra da ponte por problemas que não faltam a eles citar. Novamente pulamos do 1 para o 3, reclamamos e no processo da reclamação nos perdemos na falta de objetividade. Se houve projeto, se tudo estava em ordem, que a obra ocorresse e que o novo prefeito projetasse uma ponte adicional no centro da cidade e não “embasasse” o projeto anterior em uma “peleia” sem propósitos. Logicamente ele seria ovacionado pela capacidade de por em prática duas obras ao invés de nenhum, até o momento. Seria lembrado como empreendedor e não como mais um burocrata atravancando o desenvolvimento da nossa cidade que tem um sistema viário medonho.
Fica então a conclusão que no país das reclamações devemos começar a procurar objetividade e resolver um problema por vez, pois como dizia o ditado, “quem muito quer nada tem”, principalmente se ficar apenas no querer assim como não podemos confundir a busca por direitos com a reclamação pura, simples e sem objetivos. Objetividade e bom senso fazem bem a todos.