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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

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Trânsito - 82 ciclistas morreram em acidentes em Blumenau entre 1999 e 2012


82 mortes. Este é o saldo de vidas que se foram sobre pedais na cidade de Blumenau entre os anos de 1999 e 2012 e uma vida que fosse, já seria demais! A maioria homens (72) e 10 mulheres com idade entre 5 e 80 anos ou mais. O ano mais violento para os ciclistas foi 2005, que atingiu o pico com 10 óbitos. Os anos de 2000, 2004 e 2009 registraram 8 óbitos, respectivamente. Somando por faixa etária entre 1999 e 2012, foram 4 mortes de crianças com idade entre 5 e 9 anos e outras 7 de crianças entre 10 e 14 anos. Provavelmente, ganharam as bicicletas de presente de seus pais, padrinhos, tios ou avós em festas de aniversário e de final de ano, mas sucumbiram à violência no trânsito. 



Mortes de ciclistas no trânsito de Blumenau


Faixa etária


Número de mortes
5 a 9 anos
4
10 a 14 anos
7
15 a 19 anos
9
20 a 29 anos
13
30 a 39 anos
15
40 a 49 anos
10
50 a 59 anos
8
60 a 69 anos
9
70 a 79 anos
5
80 anos e mais
2
Fonte: SUS/SIM/MS (2014)

O levantamento foi elaborado a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, com base nas certidões de registro de óbito  e na descrição do local da ocorrência do evento.

Para identificação dos óbitos por acidente de trânsito foram levantados os óbitos por causas externas, registrados segundo o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças-10) como decorrentes de acidentes de transporte (Grande Grupo CID-10 Acidentes de Transporte, categorias V01 a V99), tópico que agrupa entre outros acidentes, os acidentes envolvendo pedestres, ciclistas, motociclistas, ocupantes de automóvel, camionete, ônibus, veículos de transporte pesado, triciclo e outros.

Para cálculo do número de acidentes com óbito de ciclista, per capita pela população brasileira, foram utilizadas as estimativas intercensitárias disponibilizadas pelo DATASUS que, por sua vez, utiliza fontes do IBGE. Os dados são oficiais e podem ser consultados neste link: 
https://www.deepask.com/goes?page=Acidente-de-transito-com-morte-de-ciclista:-Veja-o-numero-de-obitos-e-a-taxa-por-100-mil-pessoas-no-seu-municipio e possibilita a comparação com dados de outros municípios.


Identidade histórica

Consultando algumas fontes do Arquivo Histórico de Blumenau José Ferreira da Silva e trabalhos de pesquisa do historiador Adalberto Day, é inegável a identidade histórica e cultural de Blumenau com a bicicleta. Elas foram os principais meios de transporte dos colonos por muito tempo e também dos funcionários da Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC). Também já foram vendidas até em livrarias, como a Livraria Carlos Wahle, que publicou anúncio no Jornal A Cidade, de 19 de outubro de 1924, que tinha entre seus itens as “bicycletas”.

Era tanta bicicleta na cidade que já chegaram a ter placas, cadastro na Delegacia de Polícia e arrecadação do Imposto de Veículos e Transporte Público (IVTP). Com declaração de venda e tudo, como é obrigatório para com os automóveis hoje em dia!

Nem parece que Blumenau tem fábricas de bicicletas na cidade, uma delas considerada  maior fábrica de bicicletas infantis da América Latina! Trata-se da Nathor, que fica na Itoupava Central, tem mais de 230 empregados e fabrica bikes infantis aro 12” e aro 16”.

O jornal Der Urwaldsbote, até anunciou em 26 de setembro de 1903, junto com a chegada do primeiro automóvel a Blumenau, o fim da era das bicicletas, mas, definitivamente, tal profecia não se cumpriu.

Estranharam que eu não tenha comentado sobre as 82 mortes de ciclistas entre 1999 e 2012? Pois, foi proposital. Os números de óbitos e as faixas etárias falam por si só. Preferi lembrar alguns fatos sobre a identidade histórica e cultural de Blumenau com a bicicleta. Prefiro mencionar que há casos diários de acidentes e mortes de ciclistas que não são notificados. E, junto com a memória de todos os ciclistas mortos, de 5 a 80 anos ou mais, prefiro lembrar daqueles que pedalam diariamente para ir e vir do trabalho, da escola, para fazer trajetos curtos pela cidade e pelos bairros.

Preferi lembrar daqueles que sabem que uma cidade sustentável se faz não só com carros e motos, mas também com ações efetivas para deslocamentos seguros de todas as pessoas no trânsito.

Voltando ao anúncio do jornal Der Urwaldsbote, também arrisco: com 1,2 mil emplacamentos novos por mês numa cidade com uma frota de 231.836 (mais de 4,5 mil veículos são baixados e fora de circulação) e ruas que não têm mais para onde se alargar para caber tanto motorizado, vai chegar uma hora em que o trânsito vai parar!  Não adianta empurrar o problema de lado, porque uma hora pára e já estamos atrasados que chega para pensar a mobilidade sustentável.

Infelizmente, os dados oficiais do banco de dados do SUS só nos informam das mortes de ciclistas até 2012 e no banco de dados oficial do município não constam informações que nos possibilitem uma leitura real, local e atualizada. Mas, a morte deles não pode ser tratada como em vão. Tampouco a vida dos que continuam pedalando diariamente pela cidade. Meus sentimentos às famílias e à sociedade.


Imagem: Reprodução.