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terça-feira, 12 de agosto de 2014

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Trânsito - O que morreu de motociclistas em Blumenau de 1999 a 2012 dá para encher 4 aviões


412 vidas perdidas. Esse é o saldo de motociclistas mortos na cidade de Blumenau entre 1999 e 2012. O que morreu de motociclista nesses anos em nossa cidade dava para fazer uma carreata com 83 veículos de passeio. Ou para encher 4 aviões da Azul, modelo EMBRAER-175 (com capacidade para 106 pessoas), desses que levantam voo diariamente do aeroporto de Navegantes. É MUI-TA COI-SA! É muita gente morta! São muitas vidas perdidas! 


Imagem: Reprodução.

Inclusive, no ano de 2008, tivemos uma menina na faixa etária entre 1 a 4 anos, que estava de carona na moto e morreu. No ano de 2010, um menino com menos de 1 ano morreu de carona em uma moto. Outro detalhe: em todo o período, as taxas municipais (para cada 100 mil habitantes) dispararam acima da taxa nacional. 

Os dados oficiais são do Ministério da Saúde, com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e disponíveis para consulta pública neste link.

Para identificação dos óbitos por acidente de trânsito foram levantados os óbitos por causas externas, registrados segundo o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças-10) como decorrentes de acidentes de transporte (Grande Grupo CID-10 Acidentes de Transporte, categorias V01 a V99). 



O ano em que mais morreram motociclistas em Blumenau foi 2010, quando 58 vidas foram perdidas (51 homens, 6 mulheres e uma criança com menos de um ano que estava de carona na moto). Enquanto a taxa nacional de óbitos de motociclistas por 100 mil habitantes foi de 5,67, em Blumenau foi quase quatro vezes maior: 18,77.


 Segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária (2014), com base nos pedidos de indenização ao Seguro DPVAT, incluindo os pedidos de reembolso de despesas médicas, mortes e invalidez, no ano de 2011 foram 561 pedidos a mais de motociclistas em relação aos condutores de outros tipos de veículos. No ano de 2012 esse número saltou para 616 de diferença e baixou para 570 em 2013.
Ainda assim, estamos falando de 570 motociclistas feridos, mortos ou inválidos em Blumenau, a mais do que os condutores de outros veículos. Isso, contando só os que ingressaram formalmente com pedidos de indenização ao Seguro DPVAT. 


Fonte: Observatório Nacional de Segurança Viária (2014)

Até o primeiro semestre de junho de 2014, ainda que os números de pedidos de indenizações tenham baixado drasticamente (42 entre os motociclistas e 9 entre motoristas), ainda assim, estamos falando de 33 ciclistas a mais. Agora, vai saber se todo mundo que se acidentou entrou com os pedidos de indenização!

Só que ainda tem muito mais por saber acerca das mortes de motociclistas no município, coisas que não muita gente não gosta que pergunte porque incomoda:

- Quanto custa para o sistema de saúde de Blumenau essas mortes?

- Quanto se gasta em atendimento de socorro? Em cirurgias? Em reabilitação? Qual o custo social para as famílias?

- Quantos motociclistas se envolvem diariamente em acidentes em Blumenau? Qual a faixa etária? Mais homens? Mais mulheres?

- Entre os entregadores de pizza e motoboys? Aumentaram os acidentes de trajeto e de trabalho utilizando motos?

Por algum motivo que ainda não se sabe (talvez a falta de efetivo para digitar os dados dos boletins de ocorrência de acidentes de trânsito, talvez a falta de informações sobre notificações compulsórias deste tipo nos hospitais, ou qualquer outro), os dados acima e atualizados não constam no Portal da Transparência, da Prefeitura Municipal de Blumenau, conforme determina a Lei de Acesso à Informação.

Finalizo, respondendo a uma pergunta que me foi feita durante uma entrevista em uma rádio: “o que você pretende com esses números?”

Pretendo informar a população, chamá-la à responsabilidade e à todos os envolvidos nos acidentes e suas consequências. Pretendo sensibilizar o poder público para a falta de políticas públicas específicas para a segurança no trânsito na cidade, para a falta de campanhas educativas e preventivas e de outras ações permanentes voltadas para a redução da acidentalidade.

Estes números chocam, mas estão com dois anos de atraso. Precisamos dos dados atualizados, reais, para que possamos georreferenciar, pôr no mapa, analisar, interpretar e começar a agir rápido, pois nestas questões também estamos atrasados. Não saber os números que refletem a realidade não significa que ela não exista.