412 vidas perdidas. Esse é o saldo de motociclistas mortos na cidade de Blumenau entre 1999 e 2012. O que morreu de motociclista nesses anos em nossa cidade dava para fazer uma carreata com 83 veículos de passeio. Ou para encher 4 aviões da Azul, modelo EMBRAER-175 (com capacidade para 106 pessoas), desses que levantam voo diariamente do aeroporto de Navegantes. É MUI-TA COI-SA! É muita gente morta! São muitas vidas perdidas!
Inclusive, no ano de 2008, tivemos uma menina na
faixa etária entre 1 a 4 anos, que estava de carona na moto e morreu. No ano de
2010, um menino com menos de 1 ano morreu de carona em uma moto. Outro detalhe:
em todo o período, as taxas municipais (para
cada 100 mil habitantes) dispararam acima da taxa nacional.
Os dados oficiais são do Ministério da Saúde, com
base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e disponíveis para
consulta pública neste link.
Para identificação dos óbitos por acidente de
trânsito foram levantados os óbitos por causas externas, registrados segundo o
CID-10 (Classificação Internacional de Doenças-10) como decorrentes de
acidentes de transporte (Grande Grupo CID-10 Acidentes de Transporte, categorias
V01 a V99).
O ano em que mais morreram motociclistas em
Blumenau foi 2010, quando 58 vidas foram perdidas (51 homens, 6 mulheres e uma
criança com menos de um ano que estava de carona na moto). Enquanto a taxa
nacional de óbitos de motociclistas por 100 mil habitantes foi de 5,67, em
Blumenau foi quase quatro vezes maior: 18,77.
Segundo dados do Observatório Nacional de Segurança
Viária (2014), com base nos pedidos de indenização ao Seguro DPVAT, incluindo
os pedidos de reembolso de despesas médicas, mortes e invalidez, no ano de 2011
foram 561 pedidos a mais de motociclistas em relação aos condutores de outros
tipos de veículos. No ano de 2012 esse número saltou para 616 de diferença e
baixou para 570 em 2013.
Ainda assim, estamos falando de 570 motociclistas
feridos, mortos ou inválidos em Blumenau, a mais do que os condutores de outros
veículos. Isso, contando só os que ingressaram formalmente com pedidos de
indenização ao Seguro DPVAT.
Fonte: Observatório Nacional de
Segurança Viária (2014)
Até o primeiro semestre de junho de 2014, ainda que
os números de pedidos de indenizações tenham baixado drasticamente (42 entre os
motociclistas e 9 entre motoristas), ainda assim, estamos falando de 33
ciclistas a mais. Agora, vai saber se todo mundo que se acidentou entrou com os
pedidos de indenização!
Só que ainda tem muito mais por saber acerca das
mortes de motociclistas no município, coisas que não muita gente não gosta que
pergunte porque incomoda:
- Quanto custa para o sistema de saúde de Blumenau
essas mortes?
- Quanto se gasta em atendimento de socorro? Em
cirurgias? Em reabilitação? Qual o custo social para as famílias?
- Quantos motociclistas se envolvem diariamente em
acidentes em Blumenau? Qual a faixa etária? Mais homens? Mais mulheres?
- Entre os entregadores de pizza e motoboys?
Aumentaram os acidentes de trajeto e de trabalho utilizando motos?
Por algum motivo que ainda não se sabe (talvez a
falta de efetivo para digitar os dados dos boletins de ocorrência de acidentes
de trânsito, talvez a falta de informações sobre notificações compulsórias
deste tipo nos hospitais, ou qualquer outro), os dados acima e atualizados não
constam no Portal da Transparência, da Prefeitura Municipal de Blumenau,
conforme determina a Lei de Acesso à Informação.
Finalizo, respondendo a uma pergunta que me foi
feita durante uma entrevista em uma rádio: “o que você pretende com esses números?”
Pretendo informar a população, chamá-la à
responsabilidade e à todos os envolvidos nos acidentes e suas consequências.
Pretendo sensibilizar o poder público para a falta de políticas públicas
específicas para a segurança no trânsito na cidade, para a falta de campanhas
educativas e preventivas e de outras ações permanentes
voltadas para a redução da acidentalidade.
Estes números chocam, mas estão com dois anos de
atraso. Precisamos dos dados atualizados, reais, para que possamos
georreferenciar, pôr no mapa, analisar, interpretar e começar a agir rápido,
pois nestas questões também estamos atrasados. Não saber os números que
refletem a realidade não significa que ela não exista.