Bater em
objetos fixos, pressa e não dar seta lideram acidentes em Blumenau desde 2009
O tempo passa e os três tipos de acidentes de
trânsito que lideram as estatísticas em Blumenau continuam os mesmos: choque e
abalroamentos longitudinais e transversais. O tipo de acidente mais preocupante
é o choque, aquele em que o condutor perde o controle do veículo e “bate” em
objeto fixo fora da pista da rolamento. Ou seja, não consegue fazer aquilo que
é obrigação básica do motorista: manter o controle da direção, o que também
pode estar associado a velocidade incompatível para a via, distração e
embriaguez, dentre outros.
Estamos falando de choque em cerca, muro, meio fio,
canteiro, ilha de concreto, barranco ou mesmo casas e lojas, mas os de maior
ocorrência são mesmo os choques contra carros parados e postes.
Ainda que a frota venha aumentando ano a ano, a
quantidade de choques aumentou de 2.216 em 2010 para expressivas 4.620
ocorrências no ano seguinte e, de lá para cá, vem se mantendo acima de 4 mil
casos registrados pela Guarda Municipal de Trânsito dentro de sua área de
atuação (excluindo as rodovias). Entre os anos de 2011 a 2013 são as “batidas”
contra objetos fixos que estão no topo das estatísticas e até o dia 14 de julho
deste ano já tinham sido registrados 2.010 ocorrências deste tipo.
Fonte:
Portal da Transparência / GMT/PMB (2014)
O segundo tipo de
acidente de maior ocorrência e que também preocupa é o abalroamento, dadas as
suas características. O abalroamento longitudinal é aquele em que os veículos
colidem nas laterais, geralmente, numa transposição de faixa (a popular mudança
de pista), e que está associado a três principais fatores: não sinalizar a
manobra, a pressa e o cálculo mal feito pelo motorista.
No abalroamento
longitudinal geralmente o condutor não dá seta, portanto não se comunica com o
condutor que está na outra faixa e se joga na manobra. Há os que sinalizam, mas
não respeitam o tempo da manobra e, na pressa, acabam provocando o abalroamento.
Outros, calculam mal mesmo.
O abalroamento
transversal é aquele em que o condutor geralmente sai de um cruzamento
apressadamente, não sinaliza o ingresso na via e acaba colidindo contra o
veículo que está trafegando na preferencial. Uma combinação de pressa, não dar
seta e acreditar que não dá nada são os principais fatores causais deste tipo
de acidente que só aumenta desde 2009 em Blumenau. Até o dia 14 de julho deste
ano já foram registrados 2.036 abalroamentos longitudinais e transversais.
Fonte:
Portal da Transparência / GMT/PMB (2014)
O número de
atropelamentos em Blumenau registrou queda em 2010 em relação a 2009, mas
disparou de 226 em 2010 para 306 em 2011. De lá para cá, vem registrando
números menores, mas não chega a ser motivo de comemoração porque o
atropelamento é um dos acidentes de trânsito mais graves e violentos diante da
fragilidade do corpo humano. Além disso, a maior parte dos atropelamentos tem sido
sobre a faixa e as sequelas vão desde deformidades permanentes até lesões
neurológicas graves. Considerando que a vida é o bem maior a ser tutelado, um
atropelamento que seja já é muito!
Fonte:
Portal da Transparência / GMT/PMB (2014)
Em meio aos números de
acidentes na cidade, a frota vem registrando aumento progressivo: nos últimos 5
anos foram 58.738 veículos a mais registrados em Blumenau e até o dia 14 de
junho deste ano já era de 235.798 veículos.
Sentar
e contar acidentes é fácil: o tratamento que se vai dar aos números e como
traçar as estratégias para redução e até para o acidente zero é que vai fazer a
diferença.
Não
é de hoje que a literatura e os resultados de estudos científicos demonstram
que mais de 90% dos acidentes são causados por falhas humanas resultantes do
comportamento dos condutores e pedestres no trânsito.
Também
se sabe que os principais fatores envolvidos em acidentes de trânsito são: as
questões de engenharia (construção, traçado, sinalização e manutenção das
vias), fiscalização (sempre prejudicada pela falta de efetivo e de recursos
operacionais) e a falta de suporte em ações preventivas e educativas efetivas
que envolvam toda a população.
O
fato é que acidentes são as infrações que não deram certo em meio a uma série
de variáveis que vão além do risco assumido pelas pessoas no trânsito, dentre
eles, a crença no “não vai dar nada”, no “comigo não acontece” ou na certeza de
que não existirá um agente de trânsito naquele exato momento para flagrar a
infração e o abuso.
No
país em que acidentes de trânsito matam mais que o câncer, que as doenças
cardiovasculares e que as guerras do Oriente, o desafio está em um trabalho
incansável, na busca de soluções compartilhadas, nas iniciativas e na falta de
políticas públicas voltadas para a segurança no trânsito nas cidades e na
região.