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sábado, 21 de dezembro de 2013

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Denúncia - Tréplica da Carta Resposta enviada à redação pela Representante da EEB Padre José Maurício

Por Fabiano Uesler
(Clique nas imagens para ampliar e clique em continuar lendo para ler a matéria na íntegra) 
 
Imagem: Reprodução
No momento em que um jovem estudante não puder expressar suas penas, seus lamentos e infortúnios, no momento em que nossas crianças e adolescentes não puderem ter suas vozes ouvidas por aqueles que se julgam mais sábios e detentores do conhecimento, no momento em que eles não puderem criticar o sistema de ensino em que estão inseridos sem poder ter voz para denunciar o que acreditam serem erros deste sistema não estaremos mais inseridos em uma democracia e sim em uma ditadura corrupta e velada.

Nosso país, estado e município são constituídos em um fundamento democrático que dá voz aos oprimidos e este também é o papel fundamental da impressa que está inserida neste contexto.

Aos professores da Escola de Educação Básica Padre José Maurício só posso expressar meu respeito e lhes parabenizo por sua garra e tenacidade perante um sistema educacional que desvaloriza o saber em detrimento da aprovação coletiva, em detrimento da política ao invés do saber. Todos os professores que tive em minha vida assim como os que eu tive a honra de trabalhar ao lado posso somente chama-los de “guerreiros”. Pois guerreiros são os professores que em todo ano letivo lutam contra injustiças sociais e políticas nas salas de aula. Guerreiros são os professores que diariamente enfrentam crianças que por não ter uma estrutura familiar fortalecida acabam por refletir seu meio social na sala de aula aumentando em muito a carga emocional deste ambiente. O professor hoje é obrigado a fazer papéis de pais e mães em sala de aula quando na verdade esta nunca foi sua função. Guerreiros são os professores que diariamente trabalham com a pobre realidade de escolas sucateadas, abandonadas e relegadas a meros depósitos de criança. Guerreiros são estes professores que com o mínimos fazem seu máximo e mudam a vida de centenas, de milhares de jovens todos os anos. Guerreiros são os professores contratados temporariamente quando obrigados a aprovar alunos por conta de pressões sofridas por direções de algumas escolas que só os fazem aumentarem suas médias de aprovação anualmente para mostrar que são escolas que “aprovam”. Guerreiros são os professores que suportam pressões de “Direções” de escola indicadas por políticos por mera afinidade partidária em detrimento de experiência e conhecimento. Guerreiros são todos os professores.
Quando recebi o desabafo emocionado do aluno e de seus pais me coloquei empaticamente no lugar de todos e principalmente no lugar daquele que é a função e objetivo da educação, ou seja, no lugar do educando. A mim sinceramente não cabe julgar esforço pessoal, mesmo que ele tenha sido muito claro quando afirma que “ficou em recuperação levou bronca em casa e teve que estudar para passar bem e conseguiu”. Levou bronca dos pais e teve que estudar. Repito, levou bronca dos pais. Quantos alunos levam bronca dos pais? Seria esta mais uma família que culpou os professores? Não, ele “levou bronca dos pais”, estudou e foi aprovado. Por mérito!!! Ficou em recuperação sim, uma chance foi dada e ele aproveitou esta máxima chance que são os exames finais. Portanto seu “descontentamento” tem fundamentos.


Imagem: Reprodução
Sabemos quem em relação às notas há tabelas em “algumas” escolas que mostram aos professores as notas necessárias nos exames finais e que sinceramente passam muitos alunos que não fizeram por merecer

Enquanto professor e principalmente, enquanto no papel de cidadão tenho todo direito e posso assim como todo brasileiro, questionar tanto as leis de Diretrizes e Bases nacionais quanto a Proposta Curricular de Santa Catarina naquilo que tange à sua base ideológica e filosófica. Se para este questionamento devo ser execrado por não compartilhar com a “cartilha” quando a mesma dita que Paulo Freire deve ser endeusado e venerado eu sinceramente não me importo em ser.

Não me “nomeio” Educador Social, eu “sou” Educador Social, pois esta é minha função, é meu trabalho, é minha profissão. O Educador Social trabalha lado a lado com Assistentes Sociais no enfrentamento de graves questões que cercam os cidadãos em situação de vulnerabilidade. Somos, portanto braços da efetivação da “Política de Assistência” no Brasil.

Não foi em momento algum, feita qualquer menção à empresa responsável pelas formaturas. Bem lido o desabafo deixa claro a indignação quando o jovem pergunta: “Estaria ganhando a diretora algum dinheiro para fazer essas formaturas”? Logo em seguida ele afirma “sinceramente me sinto um lixo”. Ele não afirmou, questionou sim, pois nele restam dúvidas dos “porquês” de todo este episódio.

Fica, portanto e deve restar de tudo isso um pedido de reflexão a toda sociedade. Queremos que nossos jovens sejam críticos, que mudem seu contexto, que saibam votar, que saibam ser indivíduos ativos e críticos do meio em que vivem, porém quando o fazem são caluniados de preguiçosos e mentirosos. Há de se rever conceitos, muitos conceitos.

Sem mais, espero sinceramente que nossos alunos não tenham medo de denunciar episódios onde se sentem injustiçados, pois em suas palavras, uma vez que estamos em um país democrático em que todo cidadão tem direito a ter VOZ e VEZ.

Aos alunos, crianças, jovens, adolescentes, peço somente que não se amedrontem frente a injustiças e façam aquilo que lhes é unicamente devido nesta idade, que é dedicar-se a seus estudos. Aos professores só posso agradecer por doar suas vidas à educação.


Abaixo você confere a Carta Resposta enviada pela professora após a publicação deste texto:

Excelentíssimo Sr. Prof. Fabiano Uesler,

O corpo docente de nossa escola ficou muito triste com a nota postada ontem (20/12) no BLUMENEWS no concernente ao texto sobre a Escola de Educação Básica Padre José Maurício. No ano de 1993, ingressei nesta instituição como aluna. Tive a oportunidade e a felicidade de ter um ensino de qualidade, pois meus mestres tinham ótima formação acadêmica, quais sejam: mestres e doutores que tinham amor à profissão. Isto se estende nos dias hodiernos (2013), pois muitos colegas de trabalho foram meus professores, bem como amigos que fiz na escola supracitada também fazem parte do atual corpo docente da Escola de Educação Básica Padre José Maurício e compartilham do mesmo prazer e amor em aqui lecionarem. Profissionais altamente qualificados com formação na área em que atuam, daí cito: especialistas, mestres e doutorandos que não medem esforços para trabalhar e paralelamente estudar. Falo em nome do corpo docente da Escola de Educação Básica Padre José Maurício que externa também um desapontamento com tamanha falácia. Ora, encontramos no presente texto postado em seu sítio várias contradições, a saber:

1 – Se o aluno que se mostra descontente com esta Unidade Escolar no tocante à direção e seus professores, estudou e se esforçou tanto durante o ano letivo de 2013, isto nos permite pensar, como ficou em exame?

2 – Há um equívoco quanto à soma dos pontos para aluno aprovado/reprovado ou em exame – nós professores, gostaríamos de saber como o aluno chegou a este cálculo, uma vez que com 18 (dezoito) pontos, ele teria somado apenas 10 (dez) pontos nos 4 (quatro) bimestres, logo estaria automaticamente reprovado, conforme Orientações da SED?

3 – Lançamos olhar para tentar compreender o seu discurso, Excelentíssimo Sr. Prof. Fabiano Uesler, que não acredita no viés freireano de ensino, uma vez que este é contemplado na Proposta Curricular de Santa Catarina (1998; 2005) e em nosso Projeto Político Pedagógico (2013), o que permite uma educação dialógica, a qual o aluno que se diz descontente, estava inserido. Ainda nos cabe lhe questionar, Excelentíssimo Sr. Prof. Fabiano Uesler, como o senhor se considera, se nomeia EDUCADOR SOCIAL, e não se vê sujeito do/no processo na e pela linguagem, uma vez que Freire (2011) tem como algumas de suas palavras-chaves: EDUCADOR e SOCIAL?

Assim, pensamos ser uma afronta acusar a gestão dessa escola, uma vez que a mesma não pode decidir sobre o futuro dos alunos. O Conselho Escolar é soberano em suas decisões e estas sempre são decididas em conjunto. Quanto ao outro quesito mencionado em seu sítio, a formatura, esta é realizada por uma empresa particular, New Way Formaturas e Eventos e, a mesma não interfere nas decisões do Conselho Deliberativo. Sem mais, esperamos que publique este, uma vez que estamos em um país democrático em que todo cidadão tem direito a ter VOZ e VEZ.

Professora Ma. Sandra Pottmeier

Escola de Educação Básica Padre José Maurício.