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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

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Religião - Ética independe de credo.

Por Fabiano Uesler

Foto: Reprodução
Tenho visto durante algum tempo várias páginas e grupos ateístas no facebook agindo de maneira similar aos teístas. Você deve estar pensando, “mais um comparado ateus com religiosos”. Posso dizer que estou comparando “atitudes” e cá pra nós, atitude independe de credo. Há cretinos teístas assim como há cretinos ateístas. Excessos, falta de decoro, ofensas gratuitas e ignorância sobre a realidade em que vivemos não podem ter por desculpa a fé ou a falta dela, pois discutimos contra ideias e não contra pessoas. Acontece que quando isso acontece estamos recorrendo a um “Argumentum ad hominem” (argumento contra a pessoa) ou mais comumente a uma “falácia de associação” onde conclui-se erroneamente que todo religioso, que toda pessoa com um credo é ou estúpida ou preconceituoso. Assim como alguns religiosos no uso da “falácia de associação” comparam ateus a satanistas ou o ateísmo à falta de moral. É o mesmo que dizer que todo evangélico
é homofóbico ou que todo padre católico é pedófilo. Seria incabível e convenhamos totalmente ridículo pensar dessa maneira. Muitos ateus passaram pela fase da “revolta”, do sair do armário e descobrir-se não crente dentro de uma sociedade que fabrica massivamente indivíduos “zumbificados” por alguma crença mística ou religiosa. Sabemos por experiência que passamos por uma, algumas ou todas as cinco fazes do luto (Negação, raiva, depressão e aceitação) quando nos percebemos ateus. Alguns tentam negar essa dúvida quando surge em frente à enxurrada de crenças e sincretismos em que vive a sociedade brasileira (parece um saldão de mitos). A negação para muitos ateus faz parte da descoberta. Depois temos a raiva e acredito que muitos os quais se dizem ateus parecem persistir neste estágio, raiva pura e simples, que serve tão somente para extravasar um ódio verborrágico e contínuo contra teístas, muito mais contra indivíduos do que contra religiões ou credos. Passamos por esta fase, talvez alguns não, mas sabemos que ela é passageira enquanto parte da aceitação. Em seguida temos a depressão quando não conseguimos entender o porquê da humanidade se apegar em crenças religiosas ou o porquê de tanto ódio baseado e moldado puramente em uma crença religiosa. A depressão segue ao ver que pouco se pode fazer para mudar isso(ou podemos muito?). Por último temos a aceitação de quem somos, de como a sociedade é e do que queremos para nossas vidas e para um mundo melhor. Aceitamos a nós em primeiro lugar e em seguida, mesmo que não concordemos aceitamos a crença alheia desde que ela não cause dano às pessoas.
Imagem: Reprodução
Ateus devem combater ideias e não pessoas. Combatemos figuras políticas que tentam impor forçadamente seu credo a um estado que deveria ser laico na prática como é em teoria. Porém, você ateu que não dá à mínima pra isso tudo também merece ser respeitado assim como um teísta que professa sua fé sem usar sua religião como desculpa parar discriminação.  Bom senso deveria ser base para todo pensamento, é pena que subvertemos muito daquilo que somos em prol de uma raiva de um ódio que sabemos ser final ser sobre nós mesmos, pois o ódio de alguém que agride uma pessoa pela sua fé ou pela falta dela é na verdade uma raiva refletida de si mesmo por algum motivo que somente uma psicoterapia bem feita pode resolver, ou não.

Não podemos confundir tolerância com passividade, uma sociedade bem desenvolvida é extremamente tolerante e minimamente passiva. Uma sociedade que luta por seus direitos, porém reconhece suas falhas. Se você é um ateu ativista combata a ideologia, a mítica religiosa, mas não maltrate a pessoa por trás dela e falo aqui do cidadão comum. Não somos melhores por ter um rótulo de ateu estampado em nossas testas assim como crentes de uma fé não são melhores por acreditarem em seu(s) deus(ses). Partindo dos princípios do humanismo secular devemos “acreditar no potencial humano e no eu desenvolvimento através do uso da razão, boa vontade e tolerância assim como sua busca por princípios viáveis de conduta ética”. Nas palavras de Sartre podemos afirmar que no final "a humanidade nada mais é do que aquilo que ela faz de si mesma[...]" , portanto façamo-nos.

Publicado por Fabiano Uesler originalmente na Revista Ateísta Nº 2 Novembro/Dezembro de 2013

http://www.revistaateista.com/